Quando o Cuidado Vira Alerta: O Caso Das Bonecas Reborn e a Saúde Mental

Casos de adultos levando bonecas reborn a hospitais estão em alta no Brasil. Entenda por que isso exige empatia, cuidado e políticas públicas — não apenas julgamento.

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Por Gabriel Ricardo

5/16/20252 min ler

Nos últimos meses, um tema delicado e curioso tem ganhado espaço nas redes sociais e na mídia brasileira: pessoas adultas levando bonecas reborn a hospitais, tratando-as como se fossem filhos reais. A princípio, pode parecer apenas uma excentricidade ou uma tentativa de chamar atenção. Mas, por trás dessas ações, pode haver muito mais do que aparenta — e a forma como lidamos com isso como sociedade pode fazer toda a diferença.

Por trás da boneca, um pedido de socorro

Bonecas reborn são réplicas hiper-realistas de bebês humanos. Usadas por colecionadores e, em alguns casos, para fins terapêuticos (como no luto pela perda de um filho), elas assumem um papel simbólico importante para quem as possui. Porém, quando a linha entre o simbólico e o real se apaga — como no caso de pessoas que acionam médicos do SUS para cuidar desses "bebês" — o sinal de alerta precisa ser aceso. Isso pode indicar transtornos cognitivos ou emocionais que exigem atenção especializada.

O desafio: acolher sem comprometer o sistema

Levar uma boneca a um hospital é, sem dúvida, um uso indevido de um serviço público. Mas simplesmente proibir ou punir esse comportamento pode ser uma forma de negligenciar o sofrimento psicológico real por trás dele. O ideal é pensar em políticas públicas que, ao mesmo tempo, preservem o funcionamento do sistema de saúde e acolham quem está emocionalmente fragilizado.

O fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) é um dos caminhos mais viáveis. Esses centros já oferecem cuidado humanizado para quem sofre de transtornos mentais, com foco na reintegração à vida em sociedade. A expansão desse modelo — aliado a campanhas de conscientização e formação de profissionais para identificar comportamentos como esse — pode ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema hospitalar tradicional, ao mesmo tempo em que direciona ajuda a quem realmente precisa.

Como devemos reagir como sociedade?

O primeiro passo é o mais difícil: não julgar. Rir, zombar ou ignorar essas pessoas apenas reforça o estigma e distancia ainda mais quem precisa de ajuda dos serviços que poderiam acolhê-las. Em vez disso, devemos tratar o assunto com empatia e responsabilidade. É importante que amigos, vizinhos e familiares reconheçam sinais de que algo não vai bem e saibam como orientar essas pessoas a buscar ajuda profissional.

A educação pública também pode colaborar. Incluir noções básicas de saúde mental desde o ensino fundamental ajuda a formar uma sociedade mais consciente, capaz de perceber que saúde emocional é tão importante quanto a física.

Curiosidade: reborn já foi terapia oficial

Em países como os EUA, bonecas reborn já foram usadas de forma controlada como ferramenta terapêutica, especialmente em lares de idosos com Alzheimer e pessoas em luto. O toque, o cuidado e o vínculo simbólico com a boneca ajudavam a diminuir a ansiedade e dar propósito ao dia a dia. A diferença? Esses usos eram monitorados por profissionais, com objetivos terapêuticos claros e limites bem definidos.

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