Por Que os Relâmpagos Fazem Barulho Depois Do Clarão?
Descubra por que ouvimos o trovão só depois de ver o relâmpago e como a diferença de velocidade entre luz e som explica esse fenômeno curioso das tempestades.
CIÊNCIA
Por Gabriel Ricardo
4/30/20253 min ler


Você já contou os segundos entre um relâmpago e o trovão? É um hábito comum em noites de tempestade — e mais do que um passatempo, essa diferença de tempo tem tudo a ver com física e percepção humana. Mas por que o clarão vem antes do barulho, se ambos vêm do mesmo fenômeno? A resposta está na velocidade com que a luz e o som se movem.
Como o raio se forma e de onde vem tanta energia?
Os raios são formados dentro de nuvens de tempestade, chamadas de cúmulo-nimbos. Lá dentro, ocorre uma separação de cargas elétricas: partículas positivas se acumulam na parte superior da nuvem, enquanto as negativas se concentram na parte inferior. Essa diferença cria um campo elétrico poderoso, que pode alcançar o solo. Quando a tensão se torna alta o suficiente, acontece a descarga elétrica — o raio.
A energia liberada nesse processo é imensa, pois o ar entre a nuvem e o chão, normalmente isolante, é forçado a se tornar condutor. Essa transformação libera uma quantidade absurda de energia em forma de luz, calor e som — o que presenciamos como o clarão e o trovão.
Luz e som: uma corrida desigual
Quando um relâmpago acontece, ele libera dois tipos principais de energia: luz e som. A luz viaja a cerca de 300.000 quilômetros por segundo — tão rápido que praticamente a vemos instantaneamente. Já o som se propaga muito mais devagar: aproximadamente 340 metros por segundo no ar.
É por isso que vemos o clarão antes de ouvir o trovão. Mesmo que os dois sejam gerados ao mesmo tempo, nossos olhos percebem o relâmpago quase imediatamente, enquanto nossos ouvidos só captam o som segundos depois — dependendo da distância em que a descarga elétrica ocorreu.
O trovão é o som do ar explodindo
O barulho que ouvimos após o relâmpago é o trovão, e ele é resultado do aquecimento repentino do ar. Quando um relâmpago corta o céu, ele aquece o ar ao seu redor a temperaturas altíssimas — cerca de 30 mil graus Celsius, mais quente que a superfície do Sol.
Esse aquecimento súbito faz o ar se expandir rapidamente, criando uma onda de choque. É essa onda que ouvimos como trovão. Às vezes ele soa como um estalo seco; outras vezes, como um estrondo longo e grave — isso varia conforme a distância e o ambiente em que ele se propaga.
Dá pra saber o quão longe está?
Sim! Existe uma regrinha simples e curiosa: conte os segundos entre o relâmpago e o trovão e divida por três. O número resultante é a distância aproximada em quilômetros. Por exemplo, se você contar 6 segundos, o raio caiu a cerca de 2 quilômetros de distância.
Claro, isso é uma estimativa — mas é uma forma útil (e divertida) de entender o quão perto a tempestade está chegando.
Bonus: É possível sobreviver a um raio?
Pode parecer improvável, mas sim — há muitos casos de pessoas que sobreviveram a uma descarga elétrica direta de um raio. Isso acontece porque, ao atingir um corpo humano, a corrente elétrica do raio tende a seguir o caminho de menor resistência, muitas vezes percorrendo a parte externa do corpo em um fenômeno conhecido como "flashover". Além disso, a curta duração da descarga — geralmente menos de um segundo — reduz as chances de danos fatais imediatos. Ainda assim, os efeitos podem ser graves, com queimaduras, perda de memória, danos neurológicos e cardíacos. Sobreviver é possível, mas nunca sem consequências.
Curioso como o som nos alcança depois da luz
O fenômeno dos relâmpagos e trovões é mais uma prova de como a natureza é cheia de detalhes fascinantes. Uma simples tempestade nos lembra que o mundo à nossa volta está repleto de ciência viva — e às vezes barulhenta.
Se esse tipo de explicação te faz olhar para o céu com outros olhos, compartilhe essa matéria! Entender os sons e luzes das tempestades nos aproxima da beleza e da lógica escondida por trás dos fenômenos mais comuns.