Common Side Effects: A série animada que mistura psicodelia, crítica social e uma boa dose de questionamento existencial
Conheça Common Side Effects, a animação da Adult Swim que mistura psicodelia e crítica social. Saiba por que ela está dando o que falar!
ENTRETENIMENTO
Por Gabriel Ricardo
4/22/20252 min ler


No vasto catálogo de animações adultas, de tempos em tempos, surge uma obra que não apenas entretém, mas também provoca reflexão. “Common Side Effects”, lançada no começo de 2025 pela Adult Swim, é uma dessas séries. Com roteiro de Joe Bennett e Steve Hely, a animação aposta em um estilo visual psicodélico, um humor que beira o desconforto e uma narrativa que confronta temas profundos sem medo de parecer estranha demais.
De forma criativa, a série nos apresenta a um mundo onde questões como o sistema de saúde, a ganância corporativa e a espiritualidade se entrelaçam. Tudo isso sem parecer uma palestra. Pelo contrário: a obra conduz o espectador com ironia, surpresas visuais e personagens que parecem tirados de um delírio coletivo (no melhor sentido).
Mais do que um convite ao entretenimento, "Common Side Effects" propõe uma provocação: e se o problema da saúde não for a falta de cura, mas a falta de vontade de curar? A série evita respostas fáceis e deixa o espectador desconfortavelmente ciente de que talvez vivamos dentro de um sistema onde a cura é vista como uma ameaça.
A partir daqui, spoilers leves. Se você ainda não assistiu e prefere descobrir tudo por conta própria, pare por aqui e volte depois! ;)
A trama começa com Marshall e Frances, dois amigos que se reencontram após uma perda. O reencontro, no entanto, é apenas o estopim de uma descoberta muito maior: um cogumelo com propriedades milagrosas que pode transformar radicalmente o tratamento de diversas doenças. Em vez de celebração, o que se segue é uma espécie de guerra silenciosa. A existência da "cura" é encarada como uma ameaça por corporações e entidades que lucram com a doença e o sofrimento.
Ao mesmo tempo, a série mergulha em camadas mais subjetivas: a espiritualidade, a solidão moderna, a saúde mental e a forma como lidamos com a dor — seja ela física ou emocional. Não é uma narrativa sobre heróis contra vilões. É uma narrativa sobre a complexidade das escolhas humanas, das instituições que criamos e dos sistemas que alimentamos.
"Common Side Effects" é, em resumo, uma série que se arrisca. Mistura humor, crítica, psicodelia e drama sem perder a identidade. Talvez não seja para todo mundo, mas com certeza é para quem gosta de sair de um episódio com a cabeça cheia de perguntas. E é justamente esse efeito colateral que a gente agradece por sentir.
A série termina a primeira temporada em aberto, e foi renovada para uma segunda cuja estreia ainda não tem data.